quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Vitrais: jóias feitas de luz

No primeiro vitral que eu vi, eu tive a impressão que aquele mosaico de cores abria um buraco dentro da realidade material e conduzia meu olhar maravilhado para outra realidade que estava além do sensível.    O vitral me dava a impressão de que além da carapaça da matéria havia uma região aonde o maravilhoso se externava daquela maneira. O vitral, a bem dizer, é a porta dessa região.    Depois dessa porta há outra ordem de coisas. Está Deus. Aquele vitral é como que o cartão de visitas de Nosso Senhor, como que seu escudo heráldico.    O escudo heráldico não é a fotografia de um homem, mas é a descrição da mentalidade de uma família.    O vitral é a heráldica de Deus.    A luz criada por Deus penetrava no vitral e Deus como que dizia: "meu filho, sua alma dá para isso! sua vida existe para isso! tudo que está embaixo são coisas que na medida em que conduzem a isso estão bem".
Resultado: alguém que voltando-se de olhar para a igreja de Saint Michel visse um grupo de punks dando risada da basílica, fazendo cambalhotas, e querendo, por exemplo, jogar lixo ali dentro, a posição natural e imediata seria ... 
Há uma proporção: quanto mais alto a alma subiu, mais essa reação seria definida. A reação é o termômetro exato do entusiasmo.       
Esse estado de espírito maravilhado diante do primeiro vitral pode passar rápido demais em algumas almas.     
Mas deixa uma recordação que se fixa para todo o sempre se a alma continua fiel. Ali ela se encontra a si mesma, há uma espécie de identidade dela consigo mesma.    Deus criou aquela pessoa para viver nesse estado de espírito. Ela então vive disso. 
Na medida em que ela não vive para isso, ela não tem a fisionomia que Deus quis para ela. Ela não sabe qual é sua verdadeira fisonomia. 
De ali vem todos esses vazios, tristezas e frustrações que andam por ai. 

fonte: Plinio Corrêa de Oliveira, 3/1/82.